A ntumbuluku – Uma parte da origem da Música em Moçambique

Muito antes do tempo ser contado pelos homens, quando as estrelas ainda conversavam com os rios, a terra que hoje chamamos Moçambique era guiada por espíritos antigos, os makulu, guardiões da sabedoria e da harmonia. Numa aldeia cercada por baobás e caniços dançantes ao vento, nasceu uma menina chamada Ntumbuluku. Ela não falava como os outros — sua voz era o sussurro das folhas, o batuque da chuva, o ritmo dos corações. Desde pequena, ela ouvia sons que ninguém mais ouvia: o canto do barro, o lamento das árvores, o riso das pedras.


Capítulo 1: O Chamado da Terra

Muito antes do tempo ser contado pelos homens, quando as estrelas ainda conversavam com os rios, a terra que hoje chamamos Moçambique era guiada por espíritos antigos, os makulu, guardiões da sabedoria e da harmonia. Numa aldeia cercada por baobás e caniços dançantes ao vento, nasceu uma menina chamada Ntumbuluku. Ela não falava como os outros — sua voz era o sussurro das folhas, o batuque da chuva, o ritmo dos corações. Desde pequena, ela ouvia sons que ninguém mais ouvia: o canto do barro, o lamento das árvores, o riso das pedras.

Capítulo 2: A Viola de Lata

Certo dia, Ntumbuluku caminhava pelas margens do rio Incomáti quando encontrou uma lata de azeite abandonada. As vozes do vento sussurraram: "Transforma-me". Com fios de pesca, madeira e sabedoria ancestral, ela criou a primeira viola de lata, que falava com o espírito da aldeia. Quando tocava, as crianças dançavam, os velhos choravam memórias, e os ancestrais sorriam. Assim nasceu a primeira música artesanal de Moçambique, com um instrumento feito da simplicidade e da alma do povo.

Capítulo 3: O Chamado da Timbila

Com o tempo, Ntumbuluku foi crescendo e conhecendo outras terras. No sul, encontrou um velho mestre chamado Mugula, que lhe apresentou a timbila, um xilofone ancestral feito de madeira sagrada e cabaças ressonantes. Mugula lhe disse:

"A timbila fala com os espíritos, dança com os pés dos nossos antepassados. É a alma de Chopi, o povo do ritmo eterno." Ntumbuluku aprendeu a linguagem da timbila e, com o tempo, ensinou outros jovens, espalhando melodias que curavam doenças da alma e uniam clãs em tempos de conflito.

Capítulo 4: O Sopro do Xitende

Já adulta, Ntumbuluku foi às montanhas do norte, onde conheceu mulheres que tocavam um arco musical encantado — o xitende. Era tocado no silêncio da noite, enquanto contavam histórias às estrelas e ao luar. O xitende era feito com uma vara curva, uma cabaça e um fio. Mas seu som era profundo, carregado de lamento, de força e de ternura. Era o som da mulher moçambicana que resiste, que canta mesmo na dor.

Capítulo 5: O Legado


Antes de se tornar parte dos espíritos, Ntumbuluku reuniu todos os instrumentos e tocou uma última canção: uniu a viola de lata, a timbila, o xitende, tambores, batuques e vozes da terra. Essa canção ecoou por todas as províncias - de Maputo ao Niassa, do Índico aos montes do Gurué. Ela deixou um ensinamento:

"A música não nasce dos instrumentos, mas do coração que ouve a terra." Desde então, todo músico moçambicano carrega um pouco de Ntumbuluku - o dom de ouvir além dos sons, de transformar a dor em melodia, e a história em ritmo.

Conclusão

Essa lenda moçambicana é uma homenagem à origem da música em Moçambique, celebrando instrumentos tradicionais como a timbila, xitende e a viola de lata de azeite, e preservando o orgulho cultural de um povo resiliente e criativo. Que Ntumbuluku continue viva em cada acorde tocado nas terras de Moçambique.

Fim da História


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